Na continuação dos eventos promovidos no âmbito do projeto mobilizador rePLANt, o 9.º Congresso Florestal Nacional, que aconteceu de 10 a 14 de outubro, no Funchal, recebeu, no dia 12 de outubro, o simpósio rePLANt, no qual se apresentaram os resultados das diferentes linhas de atuação do projeto, alguns dos quais disruptivos no contexto florestal.
Com uma elevada adesão e interesse por parte dos presentes, este simpósio a cargo da The Navigator Company, líder do consórcio, e do ForestWISE, enquanto coordenador técnico científico permitiu a criação de um ambiente de debate e de conceitos inovadores e ideias sobre a gestão integrada da floresta e do fogo.
Um dos temas apresentados prendeu-se com as novas tecnologias nas operações de exploração e silvicultura. A The Navigator Company falou sobre algumas inovações que permitem ir ao encontro dos objetivos do projeto, nomeadamente o aumento da segurança dos operadores e a redução dos custos de mão-de-obra. Para tal, é necessário implementar a transição digital das operações florestais, nomeadamente através de novas alfaias florestais que integram ferramentas digitais.
Em linha com as inovações das máquinas de exploração florestal, está o conceito de Floresta 4.0, que pressupõe uma nova era nas operações através de ações inovadoras e facilitadoras, como a revisão de planos de exploração, nomeadamente as previsões de fluxos de madeira ao longo da cadeia e a afetação dos equipamentos às operações, resultando numa diminuição dos custos logísticos e num aumento da eficiência dos operadores de máquinas. Esta atividade está a ser desenvolvida pelo ForestWISE, o INESC TEC, The Navigator Company e a Trigger Systems.
As inovações não ficam por aqui quando o assunto é conhecer a floresta. Existem novas tecnologias que permitem a realização de inventário florestal recorrendo a aplicações de smartphone, reduzindo o tempo e custos necessários, comparativamente com o método tradicional. Desta forma, o ForestWISE partilhou as principais conclusões dos testes realizados em povoamentos de pinheiro e de eucalipto com três aplicações.
Para além do conhecimento do tipo de árvore existente em determinada área, é agora possível quantificar o stock de biomassa em estratos arbóreos e arbustivos. Para tal, foram apresentados os resultados dos testes efetuados com recurso à tecnologia LiDAR e a utilização de drones, que permite a recolha de um conjunto de informação florestal relevante no apoio à tomada de decisões. A Labelec e a UTAD apresentaram os resultados preliminares dos trabalhos realizados em povoamentos florestais de pinheiro-bravo, eucalipto e sobreiro.
Relativamente às linhas elétricas, a E-REDES deu a conhecer a atividade que tem coordenado relacionada com a otimização das zonas de proteção e das faixas de gestão de combustíveis, através do LiDAR, permitindo uma maior defesa e proteção da floresta e das infraestruturas elétricas, a segurança da população que vive em zonas florestais e a garantia de qualidade no serviço das linhas elétricas.
Ainda sobre gestão do risco, a REN, Universidade de Coimbra e whereness deram a conhecer um serviço de simulação de propagação do incêndio que permite, em tempo real, analisar a sua evolução ao longo do tempo. Este sistema de apoio à decisão para a gestão e resiliência da infraestrutura de gás e eletricidade da REN será utilizado em caso de incêndio e permite fazer a prevenção, alerta e atuação em articulação com a Proteção Civil.
O simpósio rePLANt no Congresso Florestal Nacional terminou com uma reflexão crítica sobre as consequências dos enquadramentos legais de gestão de biomassa, no contexto do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais no território continental. Neste painel, a UTAD, E-REDES e REN, com a moderação do ISA, analisaram os desafios e as oportunidades que resultam do cumprimento da legislação para a gestão da vegetação quando, em particular, aplicada às faixas de gestão de combustíveis. O grupo de especialistas referiu possíveis alternativas e estratégias que, para além de cumprirem o objetivo primordial das faixas (redução do risco), podem promover a biodiversidade, reduzir os processos de erosão e serem visualmente mais apelativas.