Inovação na Floresta: Um ano e meio de rePLANt, Voz do Campo

30 de Maio de 2022

A introdução de espécies vegetais mais resilientes e produtivas, a utilização de tecnologias de sensorização remota para examinar a superfície da terra ou um simulador que prevê a evolução e o impacto dos incêndios florestais. Estes foram alguns dos temas evidenciados durante as II Jornadas Técnicas rePLANT. Um encontro organizado pela REN e pelo Forestwise, que fez um ponto de situação de ano e meio de uma iniciativa que resulta do esforço colaborativo entre instituições de ensino, empresas do setor florestal/energético e entidades de Investigação & Inovação (I&I), na contribuição para a valorização da floresta.

Nas contribuições do projeto para a Gestão da Floresta e do Fogo, a primeira linha de atuação, foram apresentados os ensaios de campo de cinco espécies/proveniências de Pinheiro Bravo, com o objetivo de introduzir no mercado espécies mais resilientes, produtivas e capazes de gerar maior rendimento aos produtores florestais. Os ensaios estão a ser realizados pela Sonae Arauco, Instituto Superior de Agronomia (ISA) e Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV). Além do melhoramento de espécies, a EDP Labelec e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) mostraram a importância da utilização do LiDAR, uma tecnologia de sensorização remota para examinar a superfície da terra, como ferramenta de digitalização georreferenciada para apoiar a quantificação da biomassa nas zonas de inspeção.

As atividades desenvolvidas na Gestão do Risco, a segunda linha de atuação, mostram avanços da Universidade de Coimbra e whereness na monitorização de incêndios florestais, através de um simulador de propagação de fogos, que prevê a evolução e impacto do incêndio em determinada localização. Este simulador pretende proteger as infraestruturas elétricas instaladas em locais propensos a incêndios rurais e que são responsabilidade da REN, um dos parceiros que também apresentou avanços no sistema de vigilância compostos por câmara de vídeo, uma câmara térmica e ótica, e por uma estação meteorológica. Este sistema de vigilância já se encontra instalado na zona do Parque Serras do Porto, seguindo-se para Góis e Nisa.

Ainda nesta linha de atuação, foi apresentado pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e pelo CoLAB ForestWISE o estudo sobre comunicação de risco, aplicando os modelos mentais da Universidade de Carnegie Mellon. As conclusões deste estudo pretendem criar um plano de comunicação de risco eficaz, que envolva a divulgação de novos comportamentos e práticas que reduzam os riscos associados à utilização do fogo, sobretudo nas queimas.

De forma a minimizar o risco de incêndio nas proximidades da rede elétrica, a UTAD, o CoLAB ForestWISE e a E-REDES apresentaram os trabalhos que se encontram a desenvolver na avaliação e gestão do combustível. Esta análise permite a criação de modelos de comportamento de fogo e, consequentemente, a proteção das infraestruturas elétricas.

No âmbito da Economia Circular e Cadeias de Valor, as empresas The Navigator Company e Fravizel e o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) apresentaram os avanços dos equipamentos para operações florestais. A apresentação focou-se na alfaia florestal ARG que, para além de permitir ao terreno uma maior retenção de água, contribui para o aumento da acumulação de carbono no solo. O INESC TEC está a integrar nesta máquina, ferramentas digitais que favorecem a eficiência e a segurança da operação florestal, com menos consumos e maior ganho ambiental.

Por fim, o ForestWISE, o INESC TEC e a Trigger Systems falaram sobre a partilha de informação entre máquinas e o forSCOPE, um sistema de apoio à decisão adaptado às especificidades do setor florestal. Este sistema de planeamento avançado para a cadeia de abastecimento florestal tem inúmeras funcionalidades que permitem minimizar os custos logísticos e de operação, visualização de desvios em tempo real e de dados históricos contribuindo assim para a digitalização da floresta, pois integra ferramentas que modernizam e conferem mais eficiência à cadeia de abastecimento florestal.

Apresentados no Museu do Oriente, perante uma plateia de entidades do setor florestal e energético, estes resultados mostram o caminho do rePLANt no sentido de fornecer soluções inovadoras à floresta portuguesa.